Declaração de amor é sempre atemporal

por Amanda Lins

"A escuridão não enebria quem reina na luz. É preciso sair do nosso reino e buscar além das muralhas. Anjos têm asas para buscar, não para alçar vôo na fantasia. Não vim para ser destaque entre os comuns, estou aqui para mostrar que é comum ser destaque entre os que nada enxergam com os olhos, mas, podem sentir o que a minha alma tem a refletir. Não quero a sua glória, veneração... Quero o seu sorriso estampado e um coração valente lutando por si e pelo mundo que para ti foi arquitetado. Os meus dias de glória não verás, porém, garantirás a minha luz acesa enquanto fores FELIZ."

»»Leia mais...

Sobre a Mesa

Está tudo sobre a mesa. Só uma tacada e várias caçapas.

A ansiedade elimina a visão sobre os possíveis ângulos.

O medo congela todas as possibilidades.

A atitude põe a bola em jogo.

O amor é a bola da vez.

Trick.

»»Leia mais...

Despedida do Anjo AzuL

Galera,
não que tenha perdido a "Fonte Inspiratória", mas, realmente não vejo razão para continuar produzindo como Anjo AzuL quando ele está morto. Hoje, ele faleceu às 21h37. Não existem acusados. Ele realmente resolveu partir. Logo, com muita dor que encerro aqui as atividades. Segue abaixo:

Dan Barros

A ÚLTIMA CARTA DE UM ANJO AZUL.

Uma outra vez ela estava lá, mas, havia um outro sorriso no porta-retrato. Aquela foto em p/b estava mais para restos de cinzas e comia as bordas a traça.



Não tinha muito o que fazer. Sentou-se no canto do quarto, próximo à estante e puxou o último cigarro que guardava na carteira amarelada e amassada. Soprou o filtro – como sempre o fizera – e acendeu. Acendeu também o refletor do cinema que transmitiria o filme daquele derradeiro grão que chorou.


O cigarro tinha uma mancha de batom vermelho scarlat. Tinha cheiro de perfume barato e lembrava aquele último lugar com tapete vermelho nas escadas e luminárias laterais nas paredes – semelhante à queles candelabros medievais –, em um quarto qualquer da Baixada Fluminense.


Na primeira tragada, preocupou-se em sentir o gosto único que o prendera àquele hábito. O paladar de mato queimado, seco e levemente mentolado era sublime. O acabamento rústico que havia dado ao cigarro – o qual lhe sustentava – era tão precário quanto o telão das suas memórias.


Os buracos na tela. As lacunas na mente. O vazio no peito. O próximo trago.


Ela continuava deitada. Sonhava. Sorria.


Ele apressou-se em tocar-lhe o rosto. Sabia que não tinha todo tempo. Aliás, tempo tinha – só não era ali. Não ao lado dela.


Ela havia optado pelo medo. Ele pela certeza. Ela dormiu sorrindo. Ele partiu chorando.


Agora, o que restava era sentir o prazer do seu pecado. Ele não queria estar livre. Queria a alma presa, o coração ritmado ao lado dela.


Então, pôs o cigarro aceso ao lado da cabeceira dela – entre a lamparina e o rosto vivido, surrado e marcado dela –, entre o fogo e a calmaria. A luz e a escuridão dos fantasiosos sonhos – os quais jamais imaginaram a possibilidade de transformar a sua interrogação num exclamativo sorriso.


Sentado ao lado dela naquele quarto que parecia um altar particular, ele sorriu em meio a mares de lágrimas e soluços de dor. Ela disse que não o queria ver sofrer. Ele sabia que ia sofrer de qualquer forma, contudo, queria sofrer em meio a momentos felizes. Ela se conformou com o mediano.


De certo, ele descobriu na infância que crescer dói. Ela sabia das dores enquanto crescera, enquanto sonhava pesadelos e não conseguia dizer “sim” porque o “não” era mais fácil.


Ele gostava de correr os riscos de ser feliz constantemente e não por um cigarro. Por isso, tocou-lhe os lábios, segurou o sorriso como se preparado para o despertar dela. Ela não acordou, mas, beijou-lhe os dedos como se o sentisse. Ele tremeu tentando trancar-se, entretanto, o grito foi inevitável. Não. Não foi ela. Ele gritou a sua dor, gritou a sua saudade que literalmente seria para eternidade. Ela estava emaranhada nos labirintos de suas conclusões que a faziam sorrir ao mundo enquanto o cigarro não acabava.


Ele queria se matar. Tolice. Já estava morto. Ela já o havia matado dentro e fora do mundo dela. Ele era algo menos importante que a lagartixa para o ecossistema. Ele era exatamente aquilo: um morto.


As fotografias, os projetos e os filmes fugiram da memória dele. O cigarro ainda estava aceso e lhe restava o último trago. A consciência sobre a derradeira coisa a fazer o confundiram. Por fim, resolveu escrever uma carta.


Pegou o porta-retrato, o urso de pelúcia, as pétalas de rosa e o livro que ela o emprestou. Pôs tudo sobre a bancada do banheiro. Apanhou a caneca na cozinha, encheu de café com nescau. Ao lado, colocou o seu fatídico representante – o cigarro inacabado, brevemente aceso. Beijou-lhe a testa. Alisou a face com leveza e lentidão como quem registra cada traço, falha e perfeição por dpi. Finalizou a carta antes que o café esfriasse e o telefone tocasse para contar a novidade.


Ele sabia a importância daquele “Eu Te Amo” há tanto tempo trancado e agora a 7 palmos sufocado. Seu espírito estava livre e o seu corpo dilacerado. Aquele coração partido estava parado, dilacerado, explodido. As suas mãos tremiam como as pregas vocais tentavam gritar pela última vez aquele sentimento que o preenchera na breve vida. Então, aumentou as letras para concluir :


“com eterno amor do seu verdadeiro Anjo AzuL (agora em plenitude): Eu Te Amo!”


As lágrimas brilhavam em seu corpo que se diluia na luz que o consumiu. Era o fim de uma dor. Era o início de uma nova batalha.


E foi-se sussurrando um “adeus” para que ela despertasse e ele pudesse ver, pela última vez, aquele sorriso.

Assina: Anjo AzuL

»»Leia mais...

A única exceção no meio das pilhas de livros e poeira.

 "Buscando a Exceção"por Dan Barros

Certo dia ouvi uma canção que me parecia simples e não me tocou muito. Deixei-a passar despercebida por não ser uma das tendências mais apreciadas por mim [não naquele momento]. Então, depois de uns meses, tornei a ouvi-la e parecia ouvir em outro idioma alguém contar a minha história com o amor.
Em algum dia de Julho, me mandaram um texto que falava sobre "O Livro e A Flor". De verdade, me vi como qualquer um dos livros, menos o de "auto-ajuda". Talvez, meus olhos estivessem tão dispersos em felicidade e o meu ego mergulhado em prepotência que não enxerguei o quanto poderia ser chato ter respostas e não fazer tantas perguntas. Hoje, me vejo como o tal livro jogado nas tralhas, sufocado com a poeira e perdido no meio daqueles outros tantos. A música me fez lembrar que na infância já vi os meus pais chorarem, que os vi tristes e que me prometi NUNCA falar de amor, cantar, escrever ou experimentá-lo. Interessante, o vídeo da música faz com que a menininha encontre o seu amor no meio de uma balada, no lugar mais improvável. Foi lá que eu encontrei o meu "livro de histórias infantis" - aqueles que possuem fotos bonitas, histórias 'perfeitas' e sabedoria ao final. Encontrei o meu amor no lugar mais improvável. Talvez, esse amor tenha muitas dúvidas que não tenho. Certamente, tem respostas pra dúvidas que guardo comigo por medo de me mostrar frágil e abrir o peito pra sentir as dores do mundo. O fato é que de verdade essa "Flor" que carrega no ombro é também a que guardo sob a minha pele, intrínseca  na minha alma.
Não quero me arrepender depois por não lutar pela única exceção da minha Lenda. Quero que o meu livro seja mais que uma auto-ajuda. Prefiro que ele tenha ação, romance, aventura, histórias infantis.
Então, faço do meu diário um mix de idéias e confronto o meu ser calado com o gritante. Salto da minha mordômica condição de leitora e finjo que não tenho alergia a toda essa poeira que me corrói as páginas enquanto luto pra sair de baixo dessas tralhas.

»»Leia mais...

O Galinha de Hoje é o Corno de Amanhã!

by Dan Barros - Filme Ironias do Amor

Ele estava médio-feliz. Tinha várias opções, cada opção para cada dia, nos finais de semana o cardápio ainda oferecia variação pra mesma noite. Cansou.
Mas, manteve a clientela só pra não perder a pegada. Juan - nome de conquistador-nato - gostava de todos os tipos, mas, preferia as de atitude. Não. Ele não se baseava por cor de tintura ou massa muscular. Ele era o típico galanteador que observa e conquista no olhar, no sorriso, no gingado.
Certa vez, uma de suas ninfas o rogou a praga: "o galinha de hoje é o corno de amanhã, meu caro!" . Ele ia sentir o peso dessas palavras um dia, mas, não fazia questão de antecipá-lo.
Apressou-se em sair sozinho. Naquela noite ele queria causar impacto e diversificar ainda mais a lista telefônica que já era dividida por grupos - um deles iniciava por "G" de garotas.
Chegando no carro, escutou o celular. Não era uma "G" mas, já havia sido um dia. A diferença: ela seria a única de toda a lista telefônica que poderia fazê-lo sentir o peso da praga da outra.
Ele atendeu nervoso [coisa que repreendia severamente em si] e gaguejou no olá. Disfarçou depois com o seu carisma invejável.
Marcou encontro. Passou no shopping, comprou uma camisa pr'aquela ocasião e seguiu acelerado [não tanto quanto o coração]. Lembrou do perfume marcante e seco pra não causar alergia e parou numa loja de conveniências pra comprar algum importado mesmo.
Chegou um pouco depois - era estratégia para deixar a presa mais arisca - e sorriu o seu melhor cartão de visitas.
Pegou-a pela cintura, puxou pra junto com autoridade e beijou-lhe o rosto demoradamente. Alisou a face e sorriu novamente. Ela nem notou, mas, as mãos dele tremiam e estavam geladas.
Ele apostou naquela noite todo o talento de uma vida. Juan estava cansado de ser chamado de Don. Queria expandir a sua lista ou trocar, mas, não queria mais as mesmas opções até aquele telefonema.
Eles se encaixaram. Dançaram. Curtiram a noite. Mas, a noite se vai rápido demais e o Juan se viu provando do gosto de ser só mais um no meio da vasta lista da Perry.
De fato o garanhão de hoje tem que se cuidar pra não se prender as suas presas o tempo suficiente para elas aprenderem a jogar com as próprias armas dele.
Te cuida, Juan(s). As Perries estão escondidas em rostos lindos de mulheres de atitude, com tatuagens clichês e um perfume exclusivo. Te cuida, Malandro.

»»Leia mais...