Meu Mundo - Don't Disturb

Tem dias que tudo parece tão calmo, bonito, iluminado. Estes foram os dias em que morri e me mandaram de volta, nos outros não consigo enxergar alegria, cores.

Meu mundo é algo escuro demais para que eu queira andar mais que 3 passos sem pensar em voltar pro canto da parede onde me recosto encolhida e com a cabeça escondida nos joelhos. Não. Não acredite que sou tudo isso que tento passar a você. Sou quase nada disso que você imagina que eu possa conseguir ser. Na realidade, nem sei bem o que sou. As vezes me acho anjo, as vezes me acho dor.

Não. Não quero mesmo a sua piedade. Se eu quisesse isto, choraria todas as minhas cicatrizes pra você e te deixaria sorrir para que a minha revolta me fizesse forte e eu fosse capaz de jogar tudo pra cima e cagar na cabeça de todo mundo.

Ao meu lado só tem escuridão e pessoas procurando alguém para fazê-las felizes, para solucionar os seus problemas ou só pra fazê-las amadas. É... Tenho vocação para estas atividades, só não entendo como consigo dar aos outros aquilo que não tenho.

Não tenho um amor de verdade

Não tenho uma felicidade pra me fazer sorrir pro nada

Não tenho quem se interesse por me ajudar a solucionar problemas

As vezes, sou tão noturna que me confundo com as paredes frias do quarto escuro do meu desespero. As vezes, tento ser a única luz que irradia esse lugar sem vida. Na maior parte do tempo, sou aquilo que as pessoas esperam - até não conseguir mais ser melhor do que já fui e falhar, aliás, eu sempre falho.

Já falhei com você naquela noite que você me ligou e eu deveria ter sabido que você ia se cortar toda, que o seu desespero ia te jogar na parede de novo, ia te mutilar e acabar com o meu sorriso tão esforçado pra te fazer sentir melhor. Falhei com você naquele dia que você me pediu um beijo na rua, à noite e eu por querer te proteger dos olhares repulsivos alheios, neguei. Falhei quando você me pediu pra te deixar no aeroporto e não consegui levantar pra te ver partir - fui egoísta por saber o quanto aquilo ia me doer e não pense que não queria estar contigo, mas, tem horas que não consigo superar os meus motivos pra sofrer.

Reconheço que falhei aquele noite na boate. Não quis parecer tua dona, só queria um abraço porque parecia que nunca mais ia te ver de novo daquele jeito de antes. Eu já sabia disto, você não tinha como adivinhar. Falhei por medo de te perder de vez e acabei perdendo.

Falhei com você que me pediu uma opinião sobre o seu tratamento e você acabou falecendo, não resistindo ao pós-cirurgia. Maldito Lupus que venceu ao amor imenso que tenho ainda por você. Falhei com você, Amor da minha vida INTEIRA [LiLi]. Eu não deveria ter te deixado sozinha naquele dia, naquele maldito dia que me matou de vez junto com você.

Quando era criança, eu não chorava e alguém me disse que eu não tinha sentimento, coração - que eu tinha um buraco oco no peito. Hoje, eu choro mas as pessoas estão insensíveis demais pra enxergar que a criança sem coração tinha medo de ser tão humana quanto é hoje. Ser humana dói. Amar dói muito mais.

Queria aproveitar hoje pra pedir perdão aquelas com quem falhei. Espero que vocês possam me perdoar, eu não consigo fazer isto por mim mesma. Mas, queria que vocês tentassem.

Aliás, quero também agradecer a todos que entraram na minha vida e que me fizeram sentir viva por alguns instantes. Obrigada mesmo.

Agora, deixe-me ir. Tem uma bunda de vagalume ali no fundo e preciso cuidar pra que ela não se apague.

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Mais que se pode ver...

Foto por Dan Barros

Olha em meus olhos e diz que já não sente mais aquele frio na barriga que nos colocava sentadas diante daquela árvore com vontade de deitar na grama [apesar das formigas] e olhar as estrelas.
Olha, mas, olha bem! Percebe ali dentro, não, mais pra dentro do que você está razoavelmente se esforçando pra ver. É mais ou menos por aí mesmo. Enfim... Perceba ali dentro daquele quartinho dos fundos do meu coração, a bagunça que você deixou quando partiu e deixou cair apenas aquela foto sorrindo com aquelas palavras trêmulas e aquele sonho abarrotado.
Não. Não quero que você organize a bagunça porque gosto do desarrumado que você causa sempre que passa e pega em minha mão. Gosto quando você me liga e a voz trava, quando gaguejo pra te dizer um simples "Oi". Gosto dessa sensação de não ter total controle sobre as minhas ações, pensamentos, sentimentos e devaneios. Sim! SIM! É a primeira vez que me sinto livre pra ser aquele pássaro bêbado que sai sem hora pra voltar e toma uma dose de whisky com os morcegos antes de voltar pro ninho.
Na verdade, não queria sentir esta liberdade porque fico aflita de não poder vivê-la em totalidade, mas, presenciar este frio nas mãos suadas e sorrir esses olhos brilhantes me deixam mais tranquila quanto os riscos.
Mas, insisto. Olha aqui nessa fuça. Olha mesmo e repete pra eu te esquecer. Diz na minha cara que você não se incomoda com a minha ausência e que o meu cheiro não te enlouquece vez ou outra mesmo quando você não está aqui perto. Diz, mas, diz bem alto pra que todos escutem que você já nem lembra mais das nossas canções e que o nosso sentimento agora é só meu, que as nossas gargalhadas estão mudas e as tuas lágrimas não pedem o meu ombro e o meu cafuné, meu abraço e o meu beijo para cessarem. Fala pra mim. GRITA! Vamos lá.
O teu silêncio cheio de dúvidas e certezas, de medo e despojamento não me dizem nada além daquilo que você inultimente tenta sufocar, mas, de tanto lutar contra, cansa e deixa transparecer em um toque inigualável, em um bom dia que nunca se repete, em um boa noite que me faz ter bons sonhos.
Sim. Eu venho tendo pesadelos. Venho sentindo falta do teu corpo junto ao meu. Não. EU não sou orgulhosa como você. Eu não vou te dizer que te esqueci e virar as costas, partir pro primeiro bar e me agarrar com todas aquelas mulheres dispostas e disponíves. Não. Eu não vou profanar o meu coração assim. Aqui ainda não virou cabaret, mas, queria ter uma dama de luxo como você na minha cama agora.
É... Vou esperar a tua resposta aqui plantada na tua frente. Vou esperar o teu grito e aquela pegada que me jogou na parede e roubou o ar ou aquele olhar frio que me cortou a alma. Mas, não me deixa esperar até ficar caquética e esquecer teu rosto, tuas risadas, teu cheiro da pele, nosso amor quente, teu medo infantil e a tua coragem aventureira.
Torna logo e me diz com os teus olhos, com o teu beijo e as tuas mãos nas minhas, aquilo que o teu anseio orgulhoso não permite traduzir. Não deixe que o medo seja predominante sobre o receio. Dá os passos rumo ao infinito, caminha paralela a mim, mas, dize-me algo, sorria-me a nossa verdade.

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Teu Porto Seguro

Você me traiu e eu só te abracei. Te envolvi de novo em meus braços que são teu abrigo e enxuguei as tuas lágrimas que nunca soube se eram de arrependimento por ter me traído ou se por ter voltado ao teu porto seguro.

Não precisava entender o que estava passando dentro de você porque o meu coração acelerava o suficiente pra me deixar desnorteada sobre o real e me arrastava pelos cabelos pra um mundo particular onde só nós poderíamos chegar sem medo de perder o caminho de volta. Aliás, para que serviria a volta? Não me importava o que teriam a me dizer, o quanto doeria saber que o teu beijo não é só meu, teu corpo não é só meu e o teu sorriso, ah, o teu sorriso tem que ser do mundo inteiro mesmo. Não. Eu não queria essas dores fúteis de humanos traídos e suicidas. Eu sentia que o seu sentimento ainda brilhava pra mim e isto me bastava.

Eu não pedi que você fosse um exemplo de perfeição ou que me amasse incondicionalmente, não pedi que você estivesse sempre ao meu lado e me guiasse pelo caminho mais seguro. Com você eu quis correr riscos, amar desmedidamente e surfar na inconstância dos seus dias. Quis ser teu abrigo e teu mar agitado, quem te relaxa e suprime, quem te devota amizade e te deseja como cão do mato faminto.

Não quero regras, não quero tempo. Dany-se tudo aquilo que for moralmente humano. Quero aquilo que vai além dos olhos, dos rótulos, dos horizontes. Quero que a cama pegue fogo enquanto o vento puder soprar, quero teus gemidos em meus ouvidos pedindo mais e os nossos corpos suando, misturando, penetrando-se sem pensar. Quero teu suor em meus póros injetando desejo onde já não há mais pra onde transbordar. Quero você por completo e sem medo - ou com medo, se for o caso. Quero a tua adrenalina explodindo num êxtasy que jamais esquecerei. Quero a tua voz rouca, tua garganta seca, teu líbido em meus lábios, tuas mãos cravadas em minhas costas, tua boca em minha nuca e o teu sexo em meu poder.

Quero teu fogo e a tua calmaria. Quero em tudo te ser, ter e poder. E o que mais da vida eu hei de querer senão o teu autárquico e desmedido querer-me?

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Incancelabile

Hoje acordei e não tive "bom dia", também não passei bem o dia e não esperava passar. Os pesadelos durante a madrugada me avisavam que o dia seria frio - se o sol brilhou, nem percebi.

Esperei um pouco que aquele medo passasse, pensei em ligar, em mandar uma mensagem, em tentar uma telepatia qualquer... Parecia que eu sabia que aquele pesadelo não era só meu, que eu tinha que fazer despertar o outro lado também. Não pude. Tenho mesmo que esquecer, mas, como vou conseguir se a vida parece que deu um nó em nós?

Explica como se faz pra arrancar de dentro de si o próprio instrumento que te mantém ligado a este plano? Explica como posso tomar o meu coração de dentro das suas garras cerradas? Sugere que eu parta e não volte, mas, foge pra algum lugar que eu não possa sentir o teu cheiro e que o vento não me traga a tua lágrima ainda quente e sofrida, solitária e indecisa. Foge para algum lugar onde eu não possa nem sonhar que existe para que eu não desloque o meu espírito pra aquecer o teu corpo pequeno,  amedrontado, encolhido, tolhido por todas as dores que a estrada te causou sem nenhuma dó.

Não. Eu não posso mais te querer. Mas, não consigo dizer ao meu burro Id que eu não sou em você como você é pra mim. O meu mundo que se colore com a tua presença, não é o teu mundo que se mantém preto e branco mesmo com tantas cores guardadas em um mausoléu de cartas marcadas.

Eu quis colorir teu mundo, te dar vida e partilhar os teus sorrisos como gota-a-gota, mas, o que me restou foram as gotas que rolam incessantes dos meus olhos, da minha alma ébria em tamanho sentimento que não se esgota.

Eu queria ser tão simples contigo como sou comigo e apenas dizer: "não. eu não te quero mais. não te amo mais. não te desejo. não sonho com você nem quero os teus beijos. não quero o seu abraço nem preciso de você. o seu sorriso não continua sendo a melhor pintura que posso admirar para não entristecer".

Não consigo.

(...)

Também não consigo terminar o post...

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Bosta de Cavalo pesa quanto?!

As palavras serão tão prensadas quanto as lágrimas que espremem o meu coração que inutilmente sangra por uma vida que fadigamente passa.
A alma está rachada e o coração magoado, ferido e rebolando uma música fúnebre de um amor abortado como bosta de cavalo no meio da guerra dos farrapos.
Agora não tenho mais um colo pra deitar e me sentir protegida - ainda que com medo de perder aquele coração pulsante, descontrolado e bobo -, não tenho mais aquele sorriso de mangá que me fazia sorrir pro céu e gritar que era feliz só por lembrar que ele existe. Não, eu não tenho mais lembranças, sentimentos bons ou um sorriso aberto pra espantar as tristezas que me sufocavam todos os dias em que demonstrei a minha alegria inventada, a minha força criada, o meu amor reprimido. Eu não tenho mais motivos pra treinar o mais belo sorriso antes de sair de casa ou o melhor verso pra te declarar ao te ver com a roupa mais simples e o sentimento mais complexo que nos revestia.
"O meu desafio é andar sozinho, esperar um tempo os nossos destinos. Não olhar pra trás, respirar na paz o que me traz a ausência do seu olhar. Traz nas asas um novo dia, me ensina a caminhar."
Não sei se entre um gole e outro perdi o foco de ser feliz e apenas isto. Devo ter me deixado embriagar por aquilo que não queria mais - NÃO QUERO - e acabei me complicando porque me deixei levar pelo sentimento mais bêbado e drogado de todos.
Pior que eu parecia ser inteligente, mas, fui burra o suficiente pra desacreditar em todos e acreditar apenas naquilo que ela me falava sorrindo ou chorando, mas, parecia que com verdade.
Hoje não acredito mais. Não acredito nem que ela existiu. Não acredito. Não quero acreditar.
Tentei perdoar a sua traição, tentei esquecer as suas palavras duras, seus gestos frios, suas noites de TPM, seu silêncio, seu quase desprezo. Tentei esquecer que você me fez muito mal porque cada vez que eu sorria me lembrava de que ela era o melhor motivo para aquilo acontecer.
Ela ERA. Um dia não será mais... E o pior é não ter certeza de que eu QUERO que esse dia chegue logo.
Não sei se prefiro que acabe logo essa guerra naquele território turvo e perigoso ou se quero que ela também me esqueça - se é que ela já não o fez, afinal, não é a mim que ela ama. Não. Não é mesmo - e eu sei disso de alguma forma.
Bom... Então, já que tentar ajudar, tentar mostrar que ainda existe alguém que tenta prestar nesse mundo, se nada do que é bom vale a pena, então, que ela seja feliz com os traidores que a cercam, com aqueles que não valem a tal bosta de cavalo no meio guerra. Espero que consiga ser menos infeliz. Espero mesmo porque não vou mentir que a amo muito e que me doeria muito mais vê-la sofrer estando longe sem poder estender-lhe a mão e o coração que estarão sempre com ela.


"Ó, Meu Deus, me traz de volta essa menina porque tudo que eu tenho é seu amor. João de Barro, eu te entendo agora. Por favor, me ensine como guardar esse amor"


FIM

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