Teu Porto Seguro


Você me traiu e eu só te abracei. Te envolvi de novo em meus braços que são teu abrigo e enxuguei as tuas lágrimas que nunca soube se eram de arrependimento por ter me traído ou se por ter voltado ao teu porto seguro.
Não precisava entender o que estava passando dentro de você porque o meu coração acelerava o suficiente pra me deixar desnorteada sobre o real e me arrastava pelos cabelos pra um mundo particular onde só nós poderíamos chegar sem medo de perder o caminho de volta. Aliás, para que serviria a volta? Não me importava o que teriam a me dizer, o quanto doeria saber que o teu beijo não é só meu, teu corpo não é só meu e o teu sorriso, ah, o teu sorriso tem que ser do mundo inteiro mesmo. Não. Eu não queria essas dores fúteis de humanos traídos e suicidas. Eu sentia que o seu sentimento ainda brilhava pra mim e isto me bastava.
Eu não pedi que você fosse um exemplo de perfeição ou que me amasse incondicionalmente, não pedi que você estivesse sempre ao meu lado e me guiasse pelo caminho mais seguro. Com você eu quis correr riscos, amar desmedidamente e surfar na inconstância dos seus dias. Quis ser teu abrigo e teu mar agitado, quem te relaxa e suprime, quem te devota amizade e te deseja como cão do mato faminto.
Não quero regras, não quero tempo. Dany-se tudo aquilo que for moralmente humano. Quero aquilo que vai além dos olhos, dos rótulos, dos horizontes. Quero que a cama pegue fogo enquanto o vento puder soprar, quero teus gemidos em meus ouvidos pedindo mais e os nossos corpos suando, misturando, penetrando-se sem pensar. Quero teu suor em meus póros injetando desejo onde já não há mais pra onde transbordar. Quero você por completo e sem medo - ou com medo, se for o caso. Quero a tua adrenalina explodindo num êxtasy que jamais esquecerei. Quero a tua voz rouca, tua garganta seca, teu líbido em meus lábios, tuas mãos cravadas em minhas costas, tua boca em minha nuca e o teu sexo em meu poder.
Quero teu fogo e a tua calmaria. Quero em tudo te ser, ter e poder. E o que mais da vida eu hei de querer senão o teu autárquico e desmedido querer-me?

Comentários:

Postar um comentário