Mais que se pode ver...

Foto por Dan Barros
Olha em meus olhos e diz que já não sente mais aquele frio na barriga que nos colocava sentadas diante daquela árvore com vontade de deitar na grama [apesar das formigas] e olhar as estrelas.
Olha, mas, olha bem! Percebe ali dentro, não, mais pra dentro do que você está razoavelmente se esforçando pra ver. É mais ou menos por aí mesmo. Enfim... Perceba ali dentro daquele quartinho dos fundos do meu coração, a bagunça que você deixou quando partiu e deixou cair apenas aquela foto sorrindo com aquelas palavras trêmulas e aquele sonho abarrotado.
Não. Não quero que você organize a bagunça porque gosto do desarrumado que você causa sempre que passa e pega em minha mão. Gosto quando você me liga e a voz trava, quando gaguejo pra te dizer um simples "Oi". Gosto dessa sensação de não ter total controle sobre as minhas ações, pensamentos, sentimentos e devaneios. Sim! SIM! É a primeira vez que me sinto livre pra ser aquele pássaro bêbado que sai sem hora pra voltar e toma uma dose de whisky com os morcegos antes de voltar pro ninho.
Na verdade, não queria sentir esta liberdade porque fico aflita de não poder vivê-la em totalidade, mas, presenciar este frio nas mãos suadas e sorrir esses olhos brilhantes me deixam mais tranquila quanto os riscos.
Mas, insisto. Olha aqui nessa fuça. Olha mesmo e repete pra eu te esquecer. Diz na minha cara que você não se incomoda com a minha ausência e que o meu cheiro não te enlouquece vez ou outra mesmo quando você não está aqui perto. Diz, mas, diz bem alto pra que todos escutem que você já nem lembra mais das nossas canções e que o nosso sentimento agora é só meu, que as nossas gargalhadas estão mudas e as tuas lágrimas não pedem o meu ombro e o meu cafuné, meu abraço e o meu beijo para cessarem. Fala pra mim. GRITA! Vamos lá.
O teu silêncio cheio de dúvidas e certezas, de medo e despojamento não me dizem nada além daquilo que você inultimente tenta sufocar, mas, de tanto lutar contra, cansa e deixa transparecer em um toque inigualável, em um bom dia que nunca se repete, em um boa noite que me faz ter bons sonhos.
Sim. Eu venho tendo pesadelos. Venho sentindo falta do teu corpo junto ao meu. Não. EU não sou orgulhosa como você. Eu não vou te dizer que te esqueci e virar as costas, partir pro primeiro bar e me agarrar com todas aquelas mulheres dispostas e disponíves. Não. Eu não vou profanar o meu coração assim. Aqui ainda não virou cabaret, mas, queria ter uma dama de luxo como você na minha cama agora.
É... Vou esperar a tua resposta aqui plantada na tua frente. Vou esperar o teu grito e aquela pegada que me jogou na parede e roubou o ar ou aquele olhar frio que me cortou a alma. Mas, não me deixa esperar até ficar caquética e esquecer teu rosto, tuas risadas, teu cheiro da pele, nosso amor quente, teu medo infantil e a tua coragem aventureira.
Torna logo e me diz com os teus olhos, com o teu beijo e as tuas mãos nas minhas, aquilo que o teu anseio orgulhoso não permite traduzir. Não deixe que o medo seja predominante sobre o receio. Dá os passos rumo ao infinito, caminha paralela a mim, mas, dize-me algo, sorria-me a nossa verdade.

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