Meu Mundo Congelado

by Dan Barros


Enquanto chove, fico aqui pensando nas noites em que tive o mundo em meus braços e hoje nem perto dos olhos. O mundo hoje me surge apenas como fotos que arquivei para o caso de novamente perder a memória.
O problema é que quando o amor surge de verdade, não é bem a memória que nos faz ou não esquecer. O amor é como um vírus, não adianta tomar remédio, não adianta espirrar até o último surto, ele permanece lá - mesmo que adormecido - e do nada, PLOFT! aparece novamente.
Hoje, estou com saudade de um tempo que fui humana e pude perceber o quanto se pode ser feliz assim. Nunca quis saber o quanto poderia ser bom amar, apenas não queria amar e pronto. A bronca é que sempre aparece alguém pra mostrar que você é frágil e que se uma calota é capaz de derreter, um picolé de côco é quase nada no meio de tudo isso. Ah! E era muito calor mesmo. Impossível não deixar consumir até a última gota, até a última faísca.
É ruim sentar e olhar o seu sorriso pralisado numa foto em que não era eu o motivo pra você sorrir, perceber que enquanto estou procurando algum jeito de viver sem você, você já vive FELIZ e sem mim. Saber que não faço diferença, me faz pensar que nunca fiz e isso me faz mal.
O que mais dói não é chorar essa saudade que expulso agora pelos olhos, mas, sentir um sentimento agonizando, gritando em algum canto da casa e não saber como libertá-lo. Sei que preciso livrar-me disto, preciso retirar a melhor parte de mim - que é você - daqui de dentro, mas... Não! Não sei como fazer isto.
Já se passou tanto tempo. Já é tão grande o vão da saudade, da ausência e do infinito breu vazio. Já nem sei por onde começo as faxinas aqui dentro e prefiro nem fazê-las pra não ocasionar uma bagunça maior.
É... É o jeito deixar jorrar a falta que você me faz e continuar andando.
Sei que viajar não vai funcionar dessa vez, não é o lugar, não são os hábitos, as roupas, músicas, fotos ou redes sociais, é o que pulsa no peito que me faz lembrar você, é o sorriso esticado, sincero, infantil que alguém elogia sem saber que estou lembrando algo que vivemos. Não. Nada vai adiantar fugir, você está onde ninguém - inclusive eu - pode tirar: dentro de mim, em todas as minhas partes e em lugar algum.
Então, resta-me apaixonar outras vezes, tentar fazer alguém feliz e seguir. Sei que já encontrei o amor da minha vida, então, as paixões que me encontrem.

2 Comentários:

Anônimo disse...

belo desabafo. simples e incisivo.
lindo...

Rafa disse...

o amor nunca morre. pode até congelar mas, n morre. ainda vai acontecer.

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