Não ter planos era o Plano


Meu plano era não fazer planos e esperar que a vida nos levasse a algum lugar tranquilo, livre e onde pudéssemos ser quem somos de verdade. Não pensei em te levar ao altar nem te fazer as mais ridículas declarações de amor - sim, isso é sempre patético quando você desapaixona. Não te prometi um lar, um cachorro, um filho ou os meus melhores sorrisos. NÃO QUERO TER PLANOS, quero viver cada dia como se o meu amanhã não existisse e me embebedar com cada gole de amor transpirado ou fingido.
Já não me importo mais se o "eu te amo" sai travado ou cheirando a cerveja, se a vodka te faz me jogar na cama e lutar bravamente até gozar... Não quero saber o quanto te dói olhar pra outra pessoa e pensar em mim, eu já fiz isto algum dia antes de nascer pro hoje e me despistar dos erros passados.
Não. Não planejei chegar até aqui e cuspir o raio de amor que senti um dia.
Sim. Sempre achei o amor uma bosta. Sempre disse que não queria amar absolutamente NINGUÉM. Não sei por que fui dar ouvidos a quem me falou que Deus é amor e comecei a pensar que se Deus é amor, eu teria que amar um dia e deixá-Lo entrar em minha vida.
Ok, Deus. Você já faz parte da minha vida, mas, não quero ter planos que novamente vou ter que jogar no lixo ou empacotar com jornais velhos em caixas mofadas. Não quero ter que dividir o que amo com quem deseja nem imaginar que a pessoa que tanto respeito está EXATAMENTE AGORA fazendo aquele ser sentir-se melhor - enquanto eu fico aqui pensando na hora que vai me ligar, se vai lembrar de mim, se sentiu a minha falta.
N-Ã-O!
Definitivamente, não planejei a minha vida toda pra chegar aqui e perceber que tudo o que não planejei - teoricamente - deu mais certo do que aquilo que tracei detalhadamente. Cansei dessa coisa de "ter que dividir" porque alguém mal-amado falou que é errado, que não pode apenas porque não concorda que existem várias formas de amar e que o meu amor não é menos legítimo do que aquele que trai, que aprisiona, que não consegue nem ser amor de verdade.
Ora bolas, quem é você ou ele, ou ela, ou seja lá quem for pra julgar a forma como amo ou a QUEM devo amar?
É verdade que não planejei amar nem levar ninguém ao altar, mas, aconteceu.
É... É exatamente como aquele "aconteceu" que os adolescentes falam quando engravidam "sem querer", quando o coração dispara quando menos precisa, quando os olhos enchem de lágrimas de um amor que grita sufocado e a gente simplesmente não consegue esconder.
O pior de "ter acontecido" não é por ter acontecido, mas, por não poder ser de verdade.
Não acredito em um amor que se limita a 4pare10 - o vulgo amor de rapariga. Não! Se é pra ser amor, que seja LIVRE.
Se é pra ser planejado que não seja destruído por um momento de fúria, que seja duradouro e concreto.
Não fiz planos pra que você me seguisse por mais de uma noite, mas, hoje não consigo ter bons sonhos sem você e isto me atormenta mais do que aquele banheiro trancado por horas e aquele suor escorrendo entre os nosso corpos nus - que pareciam estar ali por nada mais que 10 intensos minutos.
Não imaginei que aquele arrepio na primeira vez que te vi fosse de outra coisa se não o frio que tava naquela praia, mas, você hoje faz malabares com o meu coração como se fosse propriedade sua - e olhe que nem tinha manual de uso.
Por que raios você invadiu a minha praia com esse sorriso encantador e esse jeito que até hoje não sei definir?
Talvez, eu não fizesse parte dos seus planos. Certamente, não sou aquilo que você queria, mas, quer saber?! Você também não estava nos meus planos, embora, tenha o perfil que sonhei. Você nem tem tanta experiência no amor, embora tenha muita história pra contar. Você nem deveria saber como me ganhar, nem gostar do meu cheiro, das minhas frases copiadas da "Capricho" ou da linha na minha testa com raiva. Você não deveria nem existir!
Você deveria ter ficado nos meus sonhos pra que eu nunca tivesse descoberto o que é esse treco que chamam de amor, esse colorido que dizem ser a felicidade e nunca ter pensado que ia morrer só porque as mãos e pernas - e todo o resto do corpo - tremiam, o coração quase que saltava da caixa, os olhos enchiam d'água e o meu autocontrole estava descontroladamente perdido.
Mas, o que é a vida mesmo?
É viver debaixo de um terninho preto italiano com blusas francesas, sabendo exatamente onde cabe cada passo do meu sapato suíço?
Será deixar o ar faltar e as pernas tremerem, desafiar os protótipos impostos por uma sociedade alienada e extremamente materialista, sentir o que é verdadeiro e lutar por quem quero ver feliz ao meu lado?
A resposta depende da necessidade de viver o hoje de cada um. Mas, já que não tenho planos pro amanhã, que eu possa viver o que sinto.
Ah! E se amar alguém de verdade for errado, DANY-SE, sociedade fingida de merda! Acaso você não comete erros também? Então, que ao menos a condenação venha por eu ser de verdade e não uma marionete das vontades alheias e dos caminhos mais fáceis.
Acordar não é fácil que dirá amar cada dia mais UM mesmo alguém!
Prenda-me se puder, mas, o meu amor permanecerá livre pra alcançar quem deve todos os dias para ver o seu primeiro sorriso e beijar o seu último bocejo.

1 Comentário:

Geisa disse...

Amei, Dany. Muito sensível, muito verdadeiro. Inspirador, florzinha.

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