Limpando Vestígios

Mais uma noite aqui olhando as nossas fotos que eu disse ter apagado só para não deixar o meu orgulho [também] ferido naquela discussão que ainda se reflete no espelho quebrado que mostra os meus olhos ainda inchados e vermelhos, transbordando algo que você não teve o menor capricho para ver.
Era tarde e você nunca tinha tempo para ouvir das coisas que não se referiam a baladas e cervejas, praias e futilidades humanas. Eu... Eu já não conseguia encontrar as palavras que rimassem brancas e livremente com os sentimentos que você nem conhece.
Penso mesmo que eu era apenas uma criança encantada com o seu sorriso fácil, seus olhos sedutores e todos aqueles atributos que mulheres de "folhetim" desfilam nas esquinas e avenidas dos corações ainda, infantilmente, carentes e necessitados de gotas de um orvalho de esperança [não da ilusão que você oferece gratuitamente no pacote com seus beijos calorosos, devassos].
É... Sou mesmo aquele verme que você nutriu com gotas de remédio para o seu umbigo e veneno para os meus músculos. Você acha que era fácil saber que enquanto eu te esperava ansiosamente cada noite, era naquela outra cama que você se deitava, gemia, gritava e gozava falsos prazeres que depois esfregava ainda quente em mim? Não. Não era fácil. Nunca será!
Você não sabe o quanto dói amar alguém que não existe. Você nem sabe o que é existir, muito menos saberá de amor. Você só bebe as regalias de um dinheiro sujo e entorpecido pelas dores de famílias que você nem se preocupa com a existência. Você não se interessa por lágrimas, amores, sentimentos. As sensações já bastam. Os prazeres são suficientes.
É... Você que se despe por um sonho de valsa, transformou o meu pesadelo em realidade e mostrou que não é o orgasmo o que mais importa, mas, que alguém acredite nele. Quantas vezes já fingiu? Quantas pessoas enganadas por seu belo físico e a sua conversa agradável ao ouvido? Quantos pinguins torrados em pleno Recreio?
O pior não é saber que você - seja lá como se chame - anda por aí a triturar as vísceras de um [ou vários] coração nobre que ainda desconhece seus personagens, desejos e tudo aquilo que ouvi sem perceber que eram trechos de algum desses livros de Sabrinas, Amor, Eterno Amor, Aventuras de Vampiras Devassas.
Agora, somos apenas dois seres estranhos - ainda que o meu coração tenha se embebado com suas altas doses de doçura dissimulada - a procura de um chá quente [fervendo] para limpar da língua os vestígios desse... desse... daquilo!
Aliás, já tive bem melhores que você!
Passar bem...

Comentários:

Postar um comentário