Que seja!

Coração que sangra um amor que não existe só poderia ser de um anjo perdido, caído.



Quando lembro os teus olhos me despindo, testando o meu sorriso e calculando onde atacar, como me jogar na tua cama e fazer o teu jogo, acabo caindo diante de mim e de joelhos implorando para levantar, para esquecer.

Mas, como esquecer aquilo que era o melhor para lembrar?

Como exigir que o meu coração cuspa aquilo que demorou tanto pra ingerir? Como aceitar que um sentimento mútuo não pode ser vivido? Não fui adestrada pra aceitar. Sempre questionei, sempre busquei o real motivo para tudo e, agora, não posso simplesmente esperar que tudo seja esquecido - como se um vulcão tivesse derretido a minha calota polar e ido embora com o vento seguinte.
Não consigo aceitar que tudo aquilo falado, sentido - aquele bendito fim de tarde em que um simples toque te arrepiou a alma, te fez sentir como jamais antes e me fez ter a certeza de que é você pra minha vida -, sonhado, vivido acabou. Não posso engolir essa aceitação como se fosse uma dose gelada de Malibu porque parece uma dose dupla de whisky envelhecido e cowboy.
Não tenho tanto o que dizer sobre o que espero porque deixei a esperança embriagada em algum lugar da rede telefônica naquela maldita madrugada em que soube que você não gosta mais de mim, que não quer mais ser minha - como se fosse a única pura verdade a acreditar. Não quero mais essa puta dessa esperança. Ela dá pra todos, mas, nunca escolheu certo na hora de fazer feliz, o dinheiro sempre pagou pelos seus caprichos.
O pior é que tento tanto esquecer, olhar pra frente e encarar o fim que acabo chorando momentos que não vivi, sorrisos que não terei ao acordar, mordidas nas costas e carinhos viciantes. Nesses devaneios, me questiono se devo acreditar no que ouvi ou no que vivi, mas, como vem acontecendo: sigo sem resposta.
Aliás, encontrar uma resposta tem sido a coisa mais difícil de encontrar. Até as minhas cuecas sei onde estão penduradas, as minhas meias, meus medos, mas, os sentimentos bons... [pff!]
Resolvi abrir um novo vinho e um novo sorriso, porém, nunca vi tamanha facilidade numa rosca de vinho envelhecido - até hoje. Tá mais fácil abrir esse vinho cabernet sauvignon do que o tradicional sorriso palhaço - ou encantador, depende de quem olha.
Bom... Vinho em bouquet, coração batendo em falsete e uma lágrima para esquentar a face e aliviar o peso. Combinação perfeita. Solidão perfeita. Ilusão ainda amarga.
Então, já que não há algo para preencher o vazio de um coração roubado e arremessado numa esquina podre de um lugar qualquer, melhor beber o vinho até que os olhos fechem - e eu não consiga mais VER VOCÊ - e o oco já não seja nada além de um meio de passagem para o vômito das ilusões e do amor mal recebido que entreguei sem temer nem medir.

Tchim, Tchim?!

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