Olha o barco, Hiuntary!

Hiuntary, chegou à beira da praia e sentou. Não se preocupava em ver cores variadas, pessoas belas ou sorrisos convidativos. Queria sorrir a sua dor e alimentar a sua solidão desprovida de algum sentimento que pudesse alegar como real.
Sentia o peso da injustiça e o pavor de não haver tempo para recuperar o abraço desperdiçado e o olhar que mais havia prendido o seu. Talvez, houvesse acertado. Provavelmente, teria que conversar aquela raiva que afligia o seu coração e turvava a sua alma precocemente arrebatada por aquela droga sentimental.
Hiuntary não sabia se calava, se gritava, se chorava ou trancava. Não sabia sorrir e pela primeira vez, segurou o seu abraço para si. A vontade de compreender Iughyshun em seus braços era imensa, intensa e incompreensível.
Mas, Hiu não se permitia duvidar de Shun e isto doeu. Incomodou. Até o momento em que o mar pôde ouvir as palavras mastigadas e quase que escarradas [de tanta força que faziam pra que elas fluíssem] pronunciadas em meio a algo que embora machucasse não afastava aqueles corações.
Hiu lembrou de um poema árabe que dizia que quando 2 corações estão verdadeiramente ligados, ainda que a discussão seja máxima as vozes não se alteram porque os corações se sentem próximos. Só os corações distantes que gritam na tentativa de que um ouça o que o outro tem a esbravejar. Tentativas em vão porque as vozes se misturam e as mensagens se bloqueiam.
Enquanto um coração se trancava com medo o outro queimava brasa viva, tecido novo e vibrante. Os 2 tinham um súbito medo de se perder, porém, sabiam que depois de se encontrarem, não poderiam mais se permitir estarem sós.
Se olharam profundamente, admiraram a superfície daquele mar sem fim e ansiaram por mergulhar nas profundezas daquele mar como se sentiam imergir simultaneamente. Sem pausa, nadaram rumo ao desconhecido, sorriram encantos antes mascarados e vibraram mais uma vitória sobre a injustiça que rondava um sentimento verdadeiro e atemporal, aventureiro e soberano.
Depois de todas as cuspidas, restaram as gargalhadas que se sobrepuseram ao desgosto daqueles que ainda se permitiam inconsoladamente invejar!

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