Perto-Longe entre Paralelas

Aquele termo particular nunca tinha sido tão doloroso e indescritível como naquela tarde. Ficar perto-longe havia sido como ter uma faca cravada no peito e ter de escolher entre sentir a dor até não aguentar mais ou arrancá-la e deixar que a lâmina acabasse logo com aquilo.
Não... Definitivamente não estava pronta pra sentir isto. Não imaginei que fosse acontecer, nem planejei.
Nunca me doeu tanto ver olhos de uma criança que procurava o canto de um quarto escuro particular pra se esconder da prenda que estava por chegar. E aquela criança era um NeNéM que não me deixava sossegar os ânimos nem o coração desenfreado há tão pouco tempo e com tanta intensidade.
Tentei estar perto. Pensei em pedir um abraço antes de sair dali e deixar aquele ser que faz a diferença no meu dia inteiro mergulhado numa solidão que não lhe faria bem. Eu quis mergulhar naquele universo-paralelo. Quis não deixar que se fechasse mais uma vez para o mundo. Não consegui. Fracassei mais uma vez.
O que me restava era encontrar um fósforo e uma vela para acender a luz e sentar-me perto para compartilhar os seus medos, acalentar seu choro, abraçar os seus sonhos. Problema é que vivemos num mundo tão cheio de neon que as velas são raras.
Não encontrei vela nem luz. Não vi suas lágrimas, mas, as senti escorrendo como ácido entre os milímetros do medo que senti de perder. É... Você está lendo a palavra MEDO. Mais que isto, você está enxergando a sensação de medo que senti de nunca mais encontrar aquele sorriso pra mim, aqueles olhos brilhando como fogos de artifício no reveillon, aquele carinho que me faz sentir feliz pelo resto do dia seguinte que vou ter que esperar pra sentir de novo em meus braços.
Acontece que hoje acordei deste pesadelo.
Acordei com muito medo.
Acordei querendo dormir até o dia em que poderei ter você como você é - sem as máscaras de a pessoa mais feliz do mundo - em meus dias reais, nas noites mais tranquilas, no aconchego de um abraço que não tem fim e enlaça a eternidade.
As paralelas se cruzam no infinito e embora eu tenha acordado e visto que o pesadelo continua, ainda continuo o meu caminho suave, suado, sentido e sentindo.
A tristeza que não consegui disfarçar foi só a ponta de tudo que eu tranquei dentro de mim pra não te dar mais um motivo pra não sorrir.
14.10 foi o dia mais triste que tive desde que conheci aquele sorriso de criança guerreira. Mas, nenhuma palavra vai conseguir descrever um pouco daquilo que estou sentindo aqui...

3 Comentários:

Anônimo disse...

Bonito, mas melancólico! Não quero meu filhão assim...

... disse...

...e eis-me aqui - passos lentos e olhar de surpresa -, diante da luz que se revela... amei teu refugio, Dany!... encontrei aqui o lago refletindo tua alma... meu olhar cansado de tudo lá fora descansa aqui... o caminho é esse, filhota: simplesmente, não há caminho... beijo procê

Jéssica Francielle. disse...

~Mas acabou, e veja como vc acordou , do meu lado ^^
saudade de nós..

Postar um comentário