Trilhas

por Dan Barros (direitos reservados)
Mais uma vez vestindo a armadura, sentei na caminhonete e atolei no meio da estrada. Não estava no rally nem em safari algum. Era só mais uma relação começando. Tocava Chico Buarque no carro e eu procurava algum ponto existente no mundo e que pudesse ser encontrado pelo GPS. Ouvi novamente "a História de LiLLy Braun" e revoltei-me com a segunda parte da música de novo. Mas, ri depois - como de costume.
Estava perdida - assumi. Pra me animar, toca "Vaca Profana". Ok. Alguma Vaca pra ao menos me levar pr'um cabaré? Mas, tem que ser daquelas dona de divinas tetas. Ê, trem bão...
Voltei a minha realidade e constatei: não sou mais bode solto pelos pastos, sou alguém que tem um Pastor a seguir, um cajado pras "fugidinha", um campinho, umas gramas verdes bem escuras e vivas, uma senhora que me aperta as tetas toda manhã e uma outra que me tira a roupa vez por outra. Tenho muita coisa em citação, mas, de relevante mesmo: NADA.
Sinto-me algo tão comum quanto todas as outras que fazem o mesmo percurso que eu: caminham pra algum lugar que não sabem, porém, acham bonitinho - enquanto tá distante - e berram sem saber pra que - afinal, ninguém vai entender o que tentamos inutilmente GRITAR.
Sou tão igual as branquinhas ou desbotadas que de nada vai adiantar pedir um corte diferente, um capinzinho do Xuí, umas uvas francesas e um perfuminho do egeo. Não. Não adianta. No final, vão me secar tudo o que poderia alimentar uma nova vida, me deixarão nua e me partirão em pedaços. O por quê? Simples: Alguém se sentirá bem com isto. Alguém que nunca esmerei, que nem sabe o quanto me esforcei caprichosamente para dar o melhor abrigo e alimento para ela.
Pensei mais um pouco...
... Pensei MUITO, aliás.
Resolvi que deveria esquecer o final, que tinha que viver o que eu tinha ainda.
Então, comecei a cantar - não berrar -, a desfilar a minha pele tão requisitada, a beber meu próprio bom e doce leite.
O reflexo no lago estava turvo, mas, tenho vontade para deixá-lo límpido novamente, só não sei se terei tempo. E aí, vem uma Kate Winslet que canta "What If" e me faz ter a certeza de que eu não quero viver um "Epitáfio" nem o "Se".
"Quero a risada mais gostosa, vitoriosa por não ter vergonha de aprender como se goza".


Lá vou eu, desatolar para viver "La Vida Loca".

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