Silêncio! }{

"Já que é estranho, que cresça pros lados rumo ao infinito. O céu é muito perto pra tanta verdade silenciada" por Coração Partido.

Não havia o que falar. Os olhos se cruzaram. As mãos se esbarraram no corredor e uma balinha de hortelã as fizeram sentir o primeiro toque. Joanna não queria nem olhar pra trás. Mariana não hesitou em abrir-lhe o melhor sorriso. Aquele corredor virou um apoteótico encontro relâmpago de duas almas que não se romperiam mais.
Ao virar no final do corredor, Joanna não conseguiu mais segurar o sorriso que emigrava do oco dela. Mariana deve ter ficado intrigada sobre o que havia acontecido com aquele simples toque. Ambas estavam interrogativas, sorridentes e condenadas a silenciar isto.
Joanna era ousada, aparentemente ríspida, observadora e silenciosa. Mariana era atrapalhada, cativante, "porra-louca" e espalhafatosa. Diferenças que pareciam atirar uma para outra. Mas, calma! Calma que a Joanna parecia de barro. A Mari: pura porcelana.
Elas ainda não sabiam como dizer o que sentiam ou pensavam. Os corpos se atraiam como olhos de criança pro fiteiro cheio de doces, era inevitável. Os olhares eram incessantes, envolventes, quentes. A música citada no papo era Travessuras do Oswaldo Montenegro. Preciso contar que embora a melodia seja calma, o título era o que realmente embalava aqueles corpos numa dança em pleno estacionamento?
Elas encostaram no carro. Joanna andava para trás estrategicamente. Mariana se aproximava sincronicamente. Era uma dança embalada por mistérios e vontades. Joanna pensava em Se Puder Sem Medo e era como queria reagir. Marianna cantava um sorriso de anjo amedrontado e acalentador.
Enquanto observava, vi que a de azul - Joanna - tinha um sorriso trancado no canto da sua maior arma e a Mari buscava explodir aquela granada com um beijo que lhe soava pecado e supremo.
Ali brotava algo torrencialmente paradoxo.
Não me perguntem como terminou. Ainda não terminou.
Ouvi dizer que elas não podem mais se sorrir, abraçar ou sentir aquilo que elas não sabiam definir. Não vi sangue nem velório. Mas, se um dia não vir aqueles olhares que se cruzam e se completam juntos como querem, deixo de acreditar que a vida é um ciclo onde um amor que vai se faz brotar em novo terreno. O terreno pode ser longe ou não. Argiloso ou não. Seco ou não. O terreno pode até ser estranho, porém, quem nunca viveu a estranha sensação de amar não poderá julgar aquilo que sigo de perto a observar.
Ah! Falando Sério, aqueles olhos de promessas não eram politicamente hábeis para sorrisos de quem nada queria. Eram olhos Sem Cais como canta o Caetano Veloso.
E que seja Sem Cais, Sem Eira nem Beira, Sem Limites ou Definições. Mas, que seja de verdade entre, por e para elas.

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