Oi? Ui! Ai...

Foto por Dan Barros

Ela estava sentada numa mesa lá no cantinho do bar. O chão era tipo tabuleiro de dama [prefiro sempre as damas ao xadrez - em todos os sentidos.] e os lustres eram estilo medieval. Uma mistura fantástica de estilos e imagens. Algumas fotos de celebridades dos anos 60 e ela ainda estava ali sentada tomando a sua tequila.
Pensei em me aproximar, mas, fingi que não vi. Não poderia parecer tão fácil assim.
Pausei.
Respirei.
Fui ao bar.
O cara me olhava interrogativo e desisti do pedido. Não queria nada mesmo. Queria vê-la mais de perto e certificar que não era um pré-efeito da minha intenção de beber e dançar a noite inteira.
Ela levantou e caminhou até o bar. Parecia estar pisoteando o meu coração como se dançasse um BREAK desenfreado.
Pensei: "Agora é a hora. Chego lá, esbarro nela, peço desculpas e arranco um sorriso. Ganho a noite e vou embora. Ou ganho um beijo e ganho a madrugada."
Agi.
Costumo pensar, agindo. Não gosto da idéia de ter que parar pra pensar. Quando paro, perco muito tempo e pode ser o tempo que precisava pra agir e fazer a coisa dar certo.
Ela me sorriu como desejei. Sorri também e ele - um amigo - interrompeu com um copo na mão.
Bem, não havia o que fazer. Sorri e utilizei o clichê "Olá! Como vai?" enquanto ela respondia com um sorriso que me animava de forma indiscreta e quase explosiva.
Sentei na mesa com eles - após convite dele, afinal, ela não parecia ser dessas garotas fáceis e fúteis que encontrava com freqüência e em demasia - e conversamos por um tempo exato para saber que ela era tudo o que eu queria pra me completar naquela noite.
Conversei sobre alguns assuntos que quis, prestei atenção em cada movimento, olhar, cruzar de pernas - e que pernas - e todo o tremor dos pés - sim, aquilo não era um balançar, já parecia mal de parkinson [aquele do treme-treme. Como o mal é meu... eu escrevo como quero!]
Nervosismo era sinal positivo. Me agarrei nisto e adiantei um convite para dançar.
Dançamos. Aliás, aproveitei para sentir aquele corpo suado, quente e que dançava muito bem. Já li sobre o acasalamento de cisnes, cobras e leões, mas, em qualquer reino que ela vivesse seria a fêmea-mor com todo aquele swing.
Tive que me atrever, afinal, ela esperava a minha atitude. Passei a mão nas costas e fui levando até o pé da barriga. É... Quase lá mesmo. Não fui tão longe. Queria saber até onde podia ir. Ela virou de frente pra mim e sorriu com um ar de "pode vim quente que eu estou fervendo". [sorrisos] Não tive dúvida e tasquei um beijo que me arrancou o fôlego e a deixou ofegante. Ela me prendia as costas como se segurasse um galho no precipício - aquela sensação me fazia querer mais daquele beijo - e me apertava a nuca com uma segurança de quem já havia possuído todo o corpo. O arrepio me subiu, o desejo me deixava com algo entre a peça íntima e o sexo. Não. Não era apenas um beijo. Estávamos no canto do bar. Estávamos conhecendo os nossos íntimos a partir dos nossos sentidos externos [se é que você entende].
O toque dela no meu corpo parecia despir a minha alma. Os sussurros de "Uis!" me tiravam do sério. "Aiii...." como eu queria tirá-la dali, levá-la comigo e despir-lhe o corpo, a alma e todos os mistérios que, quando vi, já estavam debaixo do meu cobertor.
A solidão da minha casa azul bebê com um jardinzinho e uma churrasqueira de tijolo aparente estava de folga naquela madrugada.
Ela era ruiva, tinha um sorriso desafiador, olhar sedutor - valorizado pelo lápis e delineador - e um corpo de dar inveja e fazer muitos marmanjos babarem. O fato é que ela me escolheu. Talvez, tenha tocado a Marina Lima dizendo dos meus desejos: "Um homem pra chamar de seu. Mesmo que seja eu...". Se tocou, não percebi, mas, era o que queria ser.
Voltando aos lençóis.
Ela estava por cima e fazia movimentos tão rápidos quanto a intensidade do meu prazer em tê-la dominando aquele momento. Eu não quis inverter ainda. Deixei que ela arranhasse a minha barriga, pressionasse o meus mamilos com a sua língua que loucamente se movimentava e me deixava fora de mim. Os meus sentidos estavam dilatados. Quando ela largou os meus mamilos e mordeu embaixo do meu umbigo... Nossa!!! O meu corpo já não suava... Transbordava prazer! Foi aí que inverti. Joguei-a pra baixo do meu corpo que queria dominá-la. Eu queria domar aquela fera.
Quando a joguei pra baixo, experimentei segurar-lhe a nuca como a de uma onça no cio. Prendi as suas pernas entre as minhas como quem amarra um leão. Beijei-lhe como se a estivesse sugando para dentro de mim. Mordi o seu pescoço vorazmente e quis arrancar-lhe  pedaço, sentir a sua veia pulsando entre os meus dentes e o seu sangue escorrendo na minha garganta.
Falei baixinho no ouvido que queria o seu prazer todo em mim. Ela respondeu com um gemido alto. E entre aqueles "ais" haviam dedos, línguas, bocas, mãos, lábios, sexos, prazeres, olhos, arrepios, suor - muito suor. Fui descendo as mãos até o seu sexo. Toquei-lhe levemente e diminui o ritmo do resto do corpo - ainda faltavam 2 horas para o sol nascer - afinal, não havia pressa. Pus o Lenny Kravitz para tocar. I'll be waiting foi a primeira música. Segui no ritmo da música como se estivéssemos acasalando as nossas almas em pleno frenesi.
Ela estava molhada - aliás, bastante! - e pegava a mão com uma força de quem ansiava por um gozo frenético e inesquecível. Me puxava os cabelos, me arranhou as costas com as suas unhas num tom de vinho, mordeu a minha orelha e contou alguns segredos de liquidificador que me fizeram descer um pouco mais.
Amaciei os seus mamilos com a ponta dos meus lábios, lambi, dei umas mordidinhas e fui descendo com a minha língua pela barriga até o umbigo. Ela estava quase me arrancando os cabelos... Alternava entre se prender no tapete da sala - onde nos esparramamos -, os meus cabelos e as minhas costas. A onça que parecera indomável, agora, estava possessa.
Com algumas mordidinhas abaixo do umbigo, uns carinhos na barriga e um pulo estratégico, atingi aqueles lábios que me aguardavam tensos. Afastei-os. Lambi tudo aquilo como se me fosse a primeira vez e era. Era a primeira vez que fazi aquilo com uma sensação de eternidade tão presente. Lambia aqueles lábios, mordidas de leve e beijos intensos fizeram com que ela me pedisse já desvairada:
"ENTRA! ME POSSUI! ME FAZ SER TUA! VAAAI! EU QUERO VOCÊ DENTRO DE MIM".
Não o fiz de imediato. Saí dali, fui para as coxas, virei-lhe as costas. Torturei um pouco mais. Até que mergulhei nela como se estivesse depositando ali todos os meus talentos e todos os planos.
Amei aquela mulher como se ela não estivesse num mesmo plano mortal. Sentia o seu coração quase explodindo e o meu estava em qualquer lugar que já não me pertencia mais.
Após algum tempo, ela me olhava penetrando através dos meus olhos, estufou o peito, gritou. Os seus pés tremiam de forma diferente agora. As suas pernas estavam entrelaçadas as minhas. As unhas estavam FINCADAS em minhas costas. Ela relaxou. Eu relaxei. Nos completamos. Olhamos o sol pela janela. Sorrimos com satisfação. Nos abraçamos e dormimos. Sonho com ela desde então. Amo-lhe desde então. E me nego o direito de esquecê-la.
Não se pode esquecer aquilo que nos faz viver. Não se esquece aquilo que nos leva de nós. E um coração roubado não tem resgate. Então, sigo aqui ouvindo neste exato momento I'll be Waiting - Lenny Kravitz. Mas, também escuto "Espero - Luiza Possi" e "Simplesmente - Pedro Mariano".
Só não posso negar que a melhor melodia da minha vida é a que o seu coração toca só pra mim todas as vezes que nos abraçamos.

Mais uma dose, por favor!

Não a quis para aquela noite apenas. A quero todas as noites, a esmero todos os dias. A desejo como se a morte jamais pudesse sucumbir. Talvez, um dia ela me olhe nos mesmos olhos que atravessou e diga que não me quer mais. Mas, ainda assim, o seu coração só cantará e tocará para mim que entendo os seus reclames. Não se arranca da alma o que se instala no peito. Afaste o seu corpo ou cole-o no meu. Esfrie a cabeça ou recline-a sobre o meu peito.
Posso não ser tudo aquilo que sonhou, mas, sou aquilo que te faz sonhar sorrindo e acordar disposta a VIVER mais um dia de esplendor e vitórias.
E que não me chegue esse dia incerto de te ouvir mentir que não me queres. Porque só entenderei isto como verdade quando o nosso coração que aí dentro pulsa me saltar nos olhos e cantar: "acabou. agora tá tudo acabado...".
Que bom ainda poder ouvir "Simplesmente" a sua voz como "Um dia de Domingo". "Eu Espero" que isto faça-lhe dizer: "Me faz bem".

Comentários:

Postar um comentário